Eleito com mais de 70% dos votos válidos nas Eleições 2024, Estêner Soratto da Silva Júnior foi chancelado pela população para administrar Tubarão pelos próximos quatro anos.
Casado com Graziele de Souza Soratto e pai de Manoel de Souza Soratto da Silva, o próximo prefeito da Cidade Azul é formado em Direito e tem uma sólida experiência política.
Ele já foi Secretário de Indústria e Comércio (2009-2011); Secretário de Gestão (2011-2012); Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional de Tubarão (2013-2014); Vereador (2020-2022) e Deputado Estadual (2022).
Em entrevista à edição impressa do Infosul neste último mês de outubro, o político disse estar preparado para gerir o município que nasceu. Soratto também pontuou os desafios que sua gestão enfrentará e traçou objetivos para o primeiro semestre de 2025. Além disso, comentou sua relação com o ex-prefeito Joares Ponticelli.
Você fez uma votação histórica em Tubarão, sendo eleito com 73,30% dos votos válidos. A que atribui essa vitória expressiva?
Sempre digo que uma vitória nunca decorre de um único motivo, foram vários. Dentre eles, estão uma campanha muito bem coordenada e organizada, além de um time forte, candidatos com passado e presente sólidos, e, obviamente, o sentimento de mudança. As pessoas queriam uma nova maneira de governar, com muita transparência, responsabilidade e cuidado com a nossa cidade.
O senhor já iniciou o período de transição de governo. O que já é possível observar da situação do município?
O principal impacto notado diz respeito à dívida da prefeitura, o que leva consequentemente à falta de Certidão Negativa. Quando eu falava, na campanha, que a dívida era de R$ 600 milhões, alguns diziam que eu estava errado. E estava mesmo! A dívida é de R$ 800 milhões. Mas não nos colocamos à disposição do povo para reclamar, mas sim para resolver. Vamos trabalhar muito para melhorar a situação financeira da prefeitura e organizar a casa.
O que você já mapeou e pretende resolver nos primeiros meses de governo? Quais serão os desafios e prioridades no início da gestão?
Além da situação financeira e a reorganização administrativa, nosso grande objetivo para o primeiro semestre do ano é abrir a UPA 24 horas e fazer um grande programa de reforma dos prédios públicos, especialmente os postos de saúde. Vários deles estão em estado deplorável. Também vamos reformar creches e escolas, algumas, inclusive, já interditadas pelo Ministério Públicos e Defesa Civil. Porém, sabemos que existem muitas outras prioridades. Por isso, eu, o Denis e a nossa equipe, vamos entrar muito cedo na prefeitura e não ter hora para sair, pois há muito o que ser feito.
Como serão as indicações para o primeiro escalão do seu governo? O que já está definido?
Estamos estudando alguns nomes, encontrando dificuldade em trazer profissionais/técnicos que hoje estão na iniciativa privada e ficam receosos de entrar num cargo público, que além de ser temporário não tem uma remuneração tão atrativa. Mas ainda não há nenhuma definição. O que posso garantir é que os indicados precisarão ter conhecimento e muito comprometimento com a nossa cidade. Eles vão precisar estar à disposição do município 24h por dia, assim como eu e o Denis.
Enxugar a máquina pública foi uma de suas promessas de campanha. Muitos desacreditam da proposta em razão da quantidade de partidos que lhe apoiaram no pleito e que certamente vão querer participar do governo. Qual será a estratégia/segredo?
Ter o apoio dos partidos na eleição significou que nosso projeto era o melhor e que as pessoas que fazem parte dos partidos confiavam em nossas propostas. Eu reafirmo que vamos diminuir o tamanho da máquina pública, com a redução de secretarias e revisão de contratos, como, por exemplo, os de mão de obra terceirizada.
Já tem um desenho de quantas secretarias haverá? Quais serão extintas e mantidas?
Estamos fazendo essa avaliação ao longo do processo de transição, com muita responsabilidade. Não há definição nesse momento, até porque enviaremos a reforma administrativa quando a Câmara de Vereadores iniciar o trabalho legislativo em fevereiro de 2025.
Neste ano de 2024 a população de Tubarão e região foi assombrada com a possibilidade do Hospital Nossa Senhora da Conceição renunciar aos atendimentos SUS. Como a sua gestão vai lidar com a iminência da interrupção dos serviços de Pronto Atendimento Aberto, Maternidade, Pediatria, UTI Neonatal, UTI Pediátrica e Neurologia?
A primeira medida é a definição da abertura da UPA 24 Horas até o meio do ano de 2025. A ação vai desafogar a emergência do HNSC. Além disso, vamos reaproximar a prefeitura da direção do Hospital. Assim como já tenho feito durante meu mandato de deputado, vamos discutir a situação juntos e buscar soluções em conjunto.
Antes de renunciar ao cargo de deputado estadual, poderá, ainda, destinar emendas para a região. Como será essa distribuição?
Assim como fiz em 2023, sigo destinando emendas para nossa região em 2024. Lembrando que o que é destinado num ano, somente entra no caixa da Prefeitura no segundo semestre do ano seguinte. E mesmo após assumir a gestão continuarei buscando emendas com os deputados estaduais, que, por sinal, tenho ótima relação. Tubarão pode esperar um prefeito atuante na busca por recursos.
Em entrevistas recentes, você disse que a Prefeitura de Tubarão possui grandes dívidas. Como vai fazer para ter um governo próspero diante de um caixa deficitário?
Com muita responsabilidade e transparência. A sociedade vai ter acesso a todas as informações da prefeitura. Vamos enxugar a máquina pública e administrar melhor o dinheiro do cidadão; vamos em busca da repactuação das dívidas com maior prazo e menor juros. Além disso, com o relacionamento que tenho com o governador Jorginho Mello, com deputados estaduais, federais e senadores, não tenho dúvidas de que receberemos recursos para obras importantes na cidade.
Dois anos atrás, em entrevista ao EXTRA.SC, você afirmou que não seria candidato a prefeito nas Eleições 2024. O que mudou de lá para cá?
Mudou muita coisa em Tubarão. Com os escândalos de corrupção que aconteceram e a prisão de gestores, as pessoas, em uma quantidade cada vez maior, começaram a pedir a minha candidatura a prefeito. Elas não queriam mais ver Tubarão nas páginas policiais. O governador Jorginho Mello também me pediu para ser candidato, pois tem um grande carinho por Tubarão e queria ter um prefeito parceiro para fazer a cidade se desenvolver. Com esse movimento decidi colocar o meu nome à disposição da população.
Durante a sua pré-campanha, você disse que não se aliaria ao partido de Joares Ponticelli, o Progressistas, em decorrência das investigações da Operação Mensageiro. Porém, se aliou ao União Brasil, partido de Caio Tokarski, que também é investigado. Por quê?
Tenho muito respeito aos integrantes do Progressistas. Porém, o ex-prefeito, líder da sigla, disse coisas impublicáveis sobre mim e minha família, o que impossibilitou qualquer diálogo. Sobre o União Brasil, o ex-vice-prefeito Caio Tokarski, é um integrante do partido e não foi candidato e nem se envolveu na eleição. Ele não participou de nenhum movimento de composição com a nossa candidatura.
Aliás, como é ou era a sua relação com Ponticelli? Você chegou a ser vice-líder de governo na Câmara Municipal na gestão do ex-prefeito.
Sim, quando o vereador Gelson Bento renunciou à liderança, o vereador Jean Machado assumiu e me convidou para ser o vice. Infelizmente, fui surpreendido com os escândalos de corrupção em nossa cidade, assim como a nossa população.
Por fim, escreva uma mensagem aos tubaronenses.
A população pode esperar um prefeito trabalhador, responsável e transparente. Vou acordar cedo e dormir tarde, porque tenho obsessão em ver nossa cidade retomar o caminho do crescimento. Não vou permitir o mau uso do dinheiro público. Vou cobrar muito empenho dos nossos servidores. Quero ver minha cidade bem cuidada, com capricho e muito zelo, uma cidade linda. Quero abrir a UPA 24 horas em poucos meses, para ver o povo melhor atendido. O tubaronense pode ter certeza que elegeu alguém comprometido e apaixonado por Tubarão.
