O Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), em decisão assinada pelo juiz de Direito da Vara Regional de Recuperações Judiciais, Falências e Concordatas de Florianópolis, Luiz Henrique Bonatelli, decretou, às 13h35 da última sexta-feira, dia 1° de outubro, a falência da K2 Soccer, empresa mantenedora do Clube Atlético Tubarão. Desde então, a K2, subsidiária integral da Baltoro Participações Societárias, está inabilitada para exercer qualquer atividade empresarial até a sentença que declare extintas suas obrigações.
O pedido de falência da empresa foi protocolado por Rebeca Barbosa Knunik e Leandro Leitão de Abreu, que, segundo o presidente do Clube Atlético Tubarão SPE, João Alberto Zappoli, o Joca, “são investidores”. Eles alegaram que a K2 é devedora de R$ 2.429.866,99 correspondente a um Instrumento Particular de Contrato de Mútuo, celebrado pelas partes em 28 de outubro de 2020.
Agora, os responsáveis pela K2 Soccer têm até o dia 15 de outubro para cumprir todos os deveres impostos na sentença, sob pena de arrecadação pela administradora judicial e crime de desobediência. Enquanto isso, fica proibida a prática de qualquer ato de retenção, arresto, penhora, sequestro, busca e apreensão e constrição judicial ou extrajudicial sobre os bens da empresa, oriunda de demandas judiciais ou extrajudiciais cujos créditos ou obrigações sujeitem-se à falência, sem prévia autorização judicial.
Questionado pela reportagem do Portal Infosul, Joca disse não saber quais decisões serão tomadas. “Não sei o que dizer. Vamos ver o que acontece esta semana.”, limitou-se.
A promessa da K2 Soccer
Fundada em 2013, a K2 Soccer se colocava no mercado como um grupo de investimento responsável pelo aporte em diversas áreas da economia. Em 2015, o clube e a empresa começaram a parceria, ainda que nos bastidores. No primeiro ano, a equipe tubaronense bateu na trave e quase conquistou o acesso. No ano seguinte, o projeto deu um passo à frente e um contrato de Sociedade de Propósito Específico (SPE) entre o Tubarão e a K2 Soccer foi firmado entre as partes – 20 anos prorrogáveis por mais 20. Desde então, o Tubarão foi transformado em ‘clube-empresa’ com o objetivo de crescer a nível nacional e se tornar um dos 40 melhores clubes do Brasil.
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Sob o comando do então presidente Luiz Henrique Martins Ribeiro, o projeto inovador do Tubarão chamou a atenção de todos no início. Matérias de grandes veículos de comunicação do país deram ênfase à equipe tubaronense por ser o “primeiro clube startup do Brasil”. Os investimentos na estrutura, categorias de base e a profissionalização da gestão do clube obtiveram resultados imediatos. Durante os seis anos de parceria com a K2, o Clube conquistou o acesso à primeira divisão e o título da Copa Santa Catarina, disputou duas vezes a Copa do Brasil e somou três participações na Série D. Nas categorias de base, obteve o selo de Clube Formador da CBF, disputou competições importantes como a Copa do Brasil e Copa São Paulo e obteve grandes resultados nos Campeonatos Estaduais.
A conta de todo o investimento feito chegou cedo ao clube. Montagem de elenco com salários acima do padrão e sem retorno dentro de campo, tornaram o Clube praticamente inviável de um tempo pra cá. No início do ano passado, Luiz Henrique Martins Ribeiro alegou problemas de saúde e deixou o clube. Representante da K2, Joca Zappoli assumiu o clube com o objetivo de ‘acertar a casinha’. Dois meses depois, a pandemia da Covid-19 acabou dificultando ainda mais as operações do clube. Segundo o dirigente, o clube teve suas receitas reduzidas em 90%, culminando no rebaixamento do Tubarão para a segundona catarinense.
Em entrevista concedida em março de 2020 ao Portal Infosul, Joca ressaltou a importância que a K2 tinha para o Tubarão. No entanto, o discurso mudou nos últimos meses e o tom nas coletivas era de cobrança diante da falta de investimento da empresa no clube. As dificuldades para honrar o pagamento dos salários refletiram no campo nas últimas duas temporadas. Após o rebaixamento no Catarinense, o clube fez péssima campanha na Série D e na Copa Santa Catarina. Em 2021, amargou o sexto lugar na Série B do Catarinense e ficou fora da disputa Copa Santa Catarina pela falta de recursos financeiros. Após o fim da competição estadual, nenhum pronunciamento oficial por parte do clube, o que gera ainda mais dúvidas quanto ao seu futuro.
O que pode acontecer?
Se optar pelo rompimento do acordo com a K2, o Tubarão voltaria a ser administrado única e exclusivamente pelo clube associativo, cujo o presidente desde 2015 é Gilmar Negro Machado, o Cascão. Procurado pela reportagem para tratar sobre o assunto, Gilmar não retornou o contato.
Fato é, que os torcedores, sócios e conselheiros do Tubarão acompanham de perto a situação. Na reta final da Série B do Catarinense, o Conselho Deliberativo do clube precisou agir diante da falta de recursos financeiros proveniente dos investidores. Os conselheiros promoveram uma rifa para a contratação de quatro jogadores para evitar o rebaixamento para a Série C do Campeonato Catarinense. Em agosto, quatro nomes foram anunciados: Campestrini (zagueiro), Vico (volante), Nathan e Jorginho (atacante).
Os nomes trouxeram experiência ao grupo comandado pelo diretor de futebol Abel Ribeiro, que assumiu o comando técnico do Tubarão após a demissão de Isaque Pereira e afirmou que só permaneceria até o fim da Série B caso o clube trouxesse reforços. Mais experiente do grupo, o atacante Jorginho, de 33 anos, balançou as redes três vezes em 7 partidas e foi um dos principais nomes na permanência da equipe na segundona catarinense. A manutenção da equipe foi definida na última rodada, no dia 12 de setembro, quando o Tubarão venceu o Guarani por 1 a 0 no Domingos Gonzalez.
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